A tradução como elemento essencial da literatura-mundo
A produção, tradução e circulação das literaturas fora dos canones marcou ontem (07) a discussão sobre a literatura-mundo. Hoje, terceiro dia do encontro, fala-se da prosa e de poesia que a literatura-mundo tem buscado tornar mais visível. No painel de especialistas moderado pelo curador do evento, o escritor José Luis Peixoto, composto pelo tradutor, editor e jornalista Eric M. B. Becker, pela investigadora Inocencia Mata, o tradutor e crítico Jerónimo Pizarro, o escritor Joaquim Arena, a investigadora Patrícia Infante e o escritor, crítico e jornalista Sérgio Rodrigues a discussão sobre “As Literaturas fora dos canones e literatura-mundo” trouxe vários contributos e olhares diversificados acerca dos aspectos como a produçao, a traduçao e a circulação de obras. “O texto traduzido ja não é pertença exclusiva da cultura de onde brotou mas também daquela onde foi acolhido”, citou Patrícia Infante que considera ser uma falácia comum e que prossupoem uma igualdade que não existe. Já o brasileiro Sérgio Rodrigues defendeu a necessidade e importância da tradução, considerando elistista a postura de desvalorizar esta vertente do fazer literário. “Desde que se entenda uma tradução como uma transposição, não se pode negar que essa transposição tenha um valor um valor democrático, humanista, fundamental; não consigo conceber um mundo em que se condene a tradução”, vincou. Joaquim Arena - que listou Camões, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, José Saramago e Machado de Assis como o top five do canone literario lusófono – levou à discussao o fenómeno da mixagend e géneros como forma de subverter os canones. “Uma prática que não é nova mas que começa a ganhar cada vez mais mercado”. O segundo dia do Festival ficou ainda marcado pelo debate sobre o panorama literário cabo-verdiano no contexto da literatura-mundo, num painel composto pelos membros da Academia Cabo-verdiana de Letras presentes no encontro. O lançamento do novo livro de José Luiz Tavares, “Polaróides de Distintos Naufrágios”, com apresentaçao pela investigadora Fátima Fernandes, encerrou a sessao. Na tarde de hoje, o palco do Festival Literatura-Mundo Sal muda-se do Club ASA para a sala de conferências do Hotel Belorizonte onde o debate irá girar em torno dos temas “Polifonias literárias e Literatura-Mundo (Prosa)” e “Poesia contemporânea e Literatura-Mundo”.
in ExpressoDasIlhas